A expansão da cibersegurança no mercado atraiu um movimento perigoso: empresas de TI tradicionais passaram a incluir cibersegurança como parte de seus pacotes, mesmo sem experiência ou competência específicas na área. O resultado é a banalização de um campo altamente técnico, onde se vende cibersegurança sem compreender, de fato, o que ela exige.
Boa parte dessas empresas não domina nem os princípios básicos da defesa cibernética. Configurações incorretas de firewall, uso ineficaz de soluções como EDR, WAF e SIEM, ausência de análise de comportamento e falhas na arquitetura de defesa são comuns. Na prática, oferecem soluções que não são implementadas corretamente, e por isso, não funcionam como deveriam.
Na esfera ofensiva, o cenário é ainda mais superficial. O que é chamado de “pentest” muitas vezes se resume à execução de ferramentas automatizadas, sem qualquer validação manual, sem contextualização técnica, sem comprovação de impacto real. Isso compromete não só a qualidade do serviço, mas a própria segurança do ambiente avaliado.
Há uma diferença crítica entre saber operar infraestrutura e compreender segurança ofensiva e defensiva em profundidade. Misturar essas competências leva empresas a decisões baseadas em uma falsa sensação de proteção, e os riscos reais só aparecem quando já é tarde demais.
Cibersegurança exige especialização, metodologia e vivência prática. É um erro estratégico confiar essa responsabilidade a quem nunca operou sob uma perspectiva de ataque real ou dominou a lógica por trás das defesas eficazes. Cibersegurança, quando mal compreendida, se torna uma ameaça silenciosa.